sábado, 3 de setembro de 2016

Devir Social e sua aplicação na economia, parte 2 de 3

Mudanças nos comportamentos: relação empresa-cliente.

Após concluirmos no texto anterior que quaisquer formas de pensamentos econômicos extremos desrespeita, segundo a visão do Devir Social, os valores estabelecidos na revolução francesa, trabalharemos agora com os pequenos comportamentos que ainda hoje são praticados na nossa sociedade. O objetivo desta analise é demonstrar as consequências destes pequenos comportamentos para a macroeconomia e também como o princípio defendido pelo Devir Social pode alterar estes comportamentos de uma forma benéfica para toda a população. Iniciaremos pensando na relação entre cliente e empresa, muito importante para nossa sociedade atualmente que vive em um contexto de globalização. Neste sentido, entenderemos o governo como uma empresa com prerrogativas especiais, por ser estabelecida através do voto e com a função de dar seguimento à continuidade social.

É muito comum pensar que a relação entre empresa e cliente é estabelecida somente através do vinculo de produção e consumo. Porém, o Devir Social gostaria de lembrar que, na prática, são seres humanos lidando com seres humanos. Na dimensão humana, não temos somente a relação do mecanismo social, empresa, com o mecanismo social, clientes. Temos a relação humana, e isto implica em uma série de coisas muito profundas. Em ultima estância, é possível perceber que o relacionamento humano evoca valores que até os próprios humanos desconhecem e muitas vezes atribuem à atuação divina. Dito isto, é preciso refletir se a relação entre cliente e empresa é tão simples quanto se diz. Se o cliente simplesmente deve procurar outra empresa caso aquela não esteja funcionando adequadamente, e se a empresa deve se preocupar apenas com o lucro em detrimento do entendimento do cliente sobre como ela funciona.

O capital é capaz de se mover com uma velocidade incrível, de modo a construir e destruir empresas em instantes. Neste sentido, se a relação entre cliente e empresa for muito fraca, aqueles que desejam acumular capital para deter maior poder sobre a sociedade sempre verá uma oportunidade de crescer através de mecanismos que funcionam em curto prazo, mesmo que em longo prazo eles sejam prejudiciais para a sociedade, são eles: o desenvolvimento sem visar à sustentação global; a venda de produtos com efeitos colaterais maquiados, escondidos ou prejudiciais em longo prazo por valores inferiores ao da concorrência com função semelhante, mas que combatem estes efeitos; falta de preocupação em longo prazo, na maioria dos casos, no local aonde atua, já que a preocupação primária é acumular capital para continuar acumulando capital, caso contrário vem outra empresa e toma seu lugar; utilização de mão de obra barata em um determinado nicho social para baratear a venda para outro nicho social, neste caso não devemos esquecer que a sociedade é conectada e a mão de obra barata vai resultar em pessoas insatisfeitas, sem capacidade de viver com dignidade e que, portanto, acham que é justo retribuir a sociedade na mesma moeda com assaltos, roubos e etc.

Desta forma, concluímos que, enquanto o relacionamento de empresa e cliente for fraco, a empresa que pensa em curto prazo sempre irá se beneficiar. Mesmo que essa empresa cometa crimes, a justiça não irá conseguir atuar na mesma velocidade que ela. No dia que ela for fechada, alguns dos seus proprietários serão punidos, mas surgirão mais algumas dezenas de pessoas inventando jeitos novos de enganar o consumidor e fazer uma sua empresa crescer através da mentira. Além do mais, mesmo os proprietários punidos, o que nem sempre é uma realidade, eles já vão ter acumulado capital o suficiente pra ter se transformar completamente em uma nova empresa na fachada, mas com a mesma intenção de crescer através de estratégias que funcionam em curto prazo, mas são deteriorantes sociais em longo prazo. E o empreendedor que se preocupa com a qualidade de vida do lugar aonde ele atua, onde que fica nesse contexto? É possível concluir que ele simplesmente não terá oportunidade para crescer. Afinal, se ele se preocupa com o impacto da sua atuação terá sempre uma condição que irá restringir sua capacidade de inovar e obter lucros na cultura imediatista que se apresenta agora.

Qual atitude o Devir Social espera da relação empresa e cliente? Que ela não seja tão frágil se pede que seja. Que, apenas uma pequena diferença de preço não faça um cliente migrar de um produto para outro. Porque não investigar um pouquinho mais sobre aquele diferencial no preço? Talvez seja alguma mecânica ilegal! Portanto, cabe ao cliente sentir e entender as pessoas que estão do outro lado da relação: elas realmente estão interessadas em fazer o que é melhor para todos ou só estão tentando crescer indevidamente? Ou são pessoas preguiçosas que herdaram a empresa e apenas querem manter-se bem na vida, sem querer inovar ou melhorar seu produto? Isto pode ser sim complicado, pois obviamente haverá pessoas mentiras querendo e construir uma imagem falsa, mas mais complicado será lidar com uma sociedade que ninguém sente prazer ou acredita naquilo que faz. Afinal, em toda relação humana também há mentiras e será o tempo o responsável por demonstrar quem mente ou fala a verdade. Assim, através do tempo, espera-se que o cliente mantenha relação de fidelidade com empresas que forneçam produtos importantes pra ele que vai além do preço e do bem-estar imediato.

Parte 3: http://devirsocial.blogspot.com.br/2016/09/devir-social-e-sua-aplicacao-na_20.html

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