segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Devir Social e o direito ao segredo

Uma questão confusa é quanto tratamos sobre os direitos e os deveres referentes a entidades públicas e privadas. Para lançar luz sobre uma possível solução a este tipo de confusão, o Devir Social gostaria de propor uma ideia básica, chamada de direito ao segredo. O direito ao segredo, para o Devir Social, é deve ser basicamente aquilo que separa uma entidade pública de uma entidade privada. Embora pareça um princípio simples, seus desdobramentos podem ser poderosos quanto pensamos a cerca da organização dos direitos da nossa sociedade.

Para iniciar, começamos definindo que, por ser público, o direito ao segredo é vedado ao estado, salvo em questões de ordem. Isto significa que todo o funcionamento do estado deve ser documentado e claro para que todo e qualquer cidadão possa exigir seu perfeito funcionamento. Obviamente, isto implica em um estado lento, no entanto, também implicará num estado que garantidamente funcionará. Afinal, se não funciona no papel, então cabe à sociedade civil organizar-se em torno da ideia de estado para conceber um que realmente funcione.

Outra consequência disto é que o estado será a base mínima de funcionamento da sociedade. Isto significa que todo conhecimento que garantidamente funcione estará implementado no estado, mesmo que este conhecimento seja obsoleto. Isto significa que, por exemplo, na área da saúde, deverá haver pessoas com os conhecimentos básicos de saúde de uma sociedade. Todos os procedimentos estarão devidamente protocolados e serão sustentados através do imposto, mas garantirão o mínimo de fornecimento do que for necessário para que o humano em sociedade sem que se queixe de que suas garantias básicas não estejam sendo atendidas. Afinal, se uma garantia básica é assim estabelecida, é porque ela é comprovadamente possível. Do contrário, ninguém pode exigir aquilo que não é possível.

Ora, sendo o estado vedado do direito ao segredo, é justamente através dele que definiremos as entidades privadas. Toda entidade privada tem direito ao segredo, salvo em questões de ordem. Desta forma, toda entidade privada poderá agir como quer, desde que cumpra o contrato social estabelecido entre ela e seu cliente. Do contrário, o próprio cliente poderá se revoltar e ele mesmo tentar algo contra a entidade privada, e isto não é um ambiente propício ao desenvolvimento social. Desta forma, toda entidade privada terá seu próprio modo de funcionamento, desconhecido a todos, e os princípios da livre competição poderão funcionar plenamente.

Em busca da máxima eficiência, é natural que as entidades privadas desenvolvam seus próprios métodos de fazer as mesmas funções que o estado. No entanto, uma vez que um segredo de alguma entidade privada for revelado e devidamente documentado, o estado e a concorrência terá o direito de se apropriar dele. Portanto, será necessário investimentos em segurança de informação para que este tipo de situação seja evitada. Assim, busca-se encontrar uma estabilidade em relação à atuação do estado e a concorrência entre as empresas.

O cidadão ficará livre para escolher se acessará aos serviços do estado ou os serviços privados, mas nenhum cidadão poderá se queixar de que suas garantias mínimas não foram atendidas. A inovação também ficará por conta do próprio estado, em busca da sua renovação trazida pelo próprio esquema democrático contemplado pelo Devir Social, como também pelas entidades privadas, que terão a sua disposição a liberdade para explorar seus recursos como quiserem, para descobrirem seus segredos que as deem vantagem com relação aos seus concorrentes.

As questões de ordem devem ser analisadas com cuidado para que não se tornem benéficas para um ou para outro. Serão verdadeiramente um acordo político que desenvolveram as estruturas de funcionamento da sociedade e sua relação entre público e privado, desenvolvendo uma identidade própria da região aonde atua, adaptando-se as suas características econômicas e culturais. São elas que vão decidir se algo público deverá ser secreto, ou se um segredo privado deverá ser investigado para que se descubra algo que não esteja nos contratos, mas que deveria estar.

Buscamos assim criar uma relação de harmonia de poderes entre o estado e as diversas entidades privadas de um país, sejam elas concorrentes ou não, de modo que o próprio poder tenha condições de inibir anomalias de outro poder. O estado terá uma estrutura garantidamente funcional, mas lenta, e em cima disso o privado agirá como quiser durante seu processo de concorrência, desde que não fira nenhuma questão de ordem, como por exemplo, produtos que prejudiquem a saúde sem o consentimento do consumidor. Assim, cada cidadão deverá zelar por tais regras, para ter um estado funcional, mas também garantir sua liberdade de escolha.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Aspectos do espectro político

Introdução:
Muito se vê na discussão sobre o espectro político. No entanto, o Devir Social acredita que estas discussões se tornam confusas quando se confunde a posição ideológica com a posição prática. Portanto, com o intuito de tornar um pouco mais clara as discussões, este texto pretende definir e especificar a diferença entre estes dois espectros políticos: o prático e o ideológico. Depois disto, será feita uma breve reflexão sobre os perigos e confusões de misturá-los.

Espectro ideológico
:
Este espectro surge a partir da idealização do mundo perfeito. Portanto, para falar sobre o espectro ideológico, é necessário pensar numa sociedade idealizada. Como falaremos sobre uma ideologia aplicada a seres humanos, é aconselhável que se pense numa sociedade inicialmente homogênea, mas que em seus indivíduos esteja contida a ideologia referida. A partir de então, verificar como esta sociedade se desenvolverá. De certo modo será natural aplicar certas mutações artificiais nos indivíduos para que se quebre a homogeneidade, para então obter um ambiente mais fiel à realidade e observar a resposta desta sociedade em relação a estas mutações. Estes passos foram aplicados nos textos Um olhar do Devir Social sobre o capitalismo e comunismo.

Espectro prático:
Este espectro surge a partir das decisões tomadas pela política no mundo real. Afinal, é natural que certas medidas beneficiem um grupo específico de pessoas mais que outro, e é sobre isto que consiste a discussão política e, como recurso de comunicação, a divisão das classes sociais em posições num espectro político. Portanto, neste sentido, o que determina se uma pessoa está em um lugar ou outro do espectro político não é aquilo que ela acredita, mas sim suas condições econômicas. Assim sendo, por exemplo, decisões de direita beneficiam pessoas com de direita enquanto que prejudica pessoas de esquerda, necessariamente, e vice-versa. Naturalmente, é possível assumir que, sendo uma sociedade heterogênea, nunca haverá uma decisão beneficie igualmente a todas as partes.

Reflexão:
Para o Devir Social, é bom que se crie o costume de diferenciar estes dois tipos de espectros para que a discussão possa se tornar mais organizada e precisa. Afinal, é muito comum ver pessoas que misturam frequentemente ideologia com prática e vice-versa. Isto torna esta discussão infrutífera, afinal, se instala uma neblina de confusão que não permite que as diferentes partes possam se comunicar de modo a enxergarem precisamente suas diferenças e semelhanças. O quão comum é uma pessoa atacar a ideologia de outra levando em consideração sua posição prática no espectro? Embora a prática possa induzir uma visão específica sobre o ser humano, de modo a assumi-lo assim na ideologia, a discussão ideológica é fundamentalmente uma discussão racional, de modo que é possível deixar claro cada conceito adotado e desenvolvido ideologicamente.

Finalização:
Atualmente existe um clima de desconfiança que cerca as discussões políticas. Claramente algumas pessoas querem comunicar suas ideologias, mas são atacadas como se defendessem aquela ideologia puramente porque elas vão as beneficiar na prática. Isto é algo prejudicial, pois além de nem sempre ser verdade, reduz os atributos racionais do ser humano às posições animalescas de cada um defenda o seu. Esta redução, no entanto, não condiz com um ser humano que convive em sociedade, que afinal deve saber lidar com as diferenças através da justiça, da bondade, da verdade, de modo a não se reduzir à condição animal. É nisto que o Devir Social trabalha para alcançar.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Um olhar do Devir Social sobre o Comunismo

Introdução:
Estes dias foi escrito, aqui no Devir Social, sobre um olhar do Devir Social sobre o capitalismo. Por isso é interessante que se faça a mesma coisa sobre o seu oposto conceitual, o comunismo. Tentaremos aqui escrever com o mesmo método utilizado no texto anterior, no entanto, resguardando o menor conhecimento prático por parte do autor sobre o sistema ao qual o texto se refere. Portanto, de certa forma, o texto poderá conter algumas liberdades de hipótese. Começaremos pelos valores, onde os dois primeiros serão o oposto do capitalismo, mas o último será igual, e passaremos pela implementação, manutenção e expansão.

Valores:
Da mesma forma que no capitalismo, cada indivíduo colabora ou não para que as coisas sejam comuns a todas as pessoas. Portanto, é preciso falar sobre os valores que norteiam uma organização de sociedade baseada na ideia de tornar as coisas comuns. Novamente, assumiremos que estes valores serão os aceitos pela média da população.

O primeiro valor do comunismo é a noção de desenvolvimento coletivo, que é o pensamento de que a melhor coisa que cada pessoa pode fazer é garantir que todos tenham oportunidades semelhantes de desenvolvimento a depender de sua vontade. O segundo valor do comunismo seria a garantia de prazer estabilizado, ou seja: nenhum prazer pode significar um risco para o desenvolvimento em grupo, portanto, não existe espaço para o desenvolvimento do individualismo. Todos são como se fossem um só, embora haja as particularidades que, neste modelo, são desprezíveis. O terceiro valor é a noção de que o uso da violência para proteger o bem-estar comum seja válido, de modo a lutar contra qualquer comportamento que não se adequam às ideias do comunismo.

Implementação:
Imaginemos uma massa de pessoas Imaginemos uma massa de pessoas em que nelas está instalado os três valores anteriormente citados. Para a implementação do comunismo, esta massa irá se unir, desenvolver algum tipo de ação para coordenar o desenvolvimento de todos, de modo que nenhum deles tenham que se esforçar demais ou de menos para que o objetivo seja concluído. Portanto, a ação de todos os indivíduos devem ser coordenadas por este ente central, de modo a desenvolver as condições necessárias para que um estilo de vida prazeroso, seguro e comum a todos seja desenvolvido.

Uma vez que este estilo de vida seja desenvolvido, a necessidade de uma organização central diminui, já que toda a infraestrutura desta sociedade já está montada. No entanto, ainda sim é preciso que haja essa organização para garantir que os indivíduos não desenvolvam comportamentos nocivos aos ideais do bem-estar comum, como o individualismo. Além disto, é preciso verificar que há outras nações externas à comunidade original, e é preciso proteger a comunidade de ataques externos.

Manutenção:
O esquema de manutenção do comunismo é um pouco mais simples que o do capitalismo. As pessoas serão organizadas de acordo com suas aptidões, de modo a colaborar com o desenvolvimento da comunidade e ter acesso à produção comum. Como o individualismo será algo desestimulado ao máximo, o senso competitivo e a recompensa individual não serão conceitos praticados. Tudo o que for desenvolvido assim o será para o bem comum, e será desenvolvido puramente pelo prazer daqueles que desenvolvem em desenvolver.

No entanto, devido a ausência de recompensa individual e a garantia de sobrevivência garantida pelo grupo, o estimulo para que um indivíduo sacrifique sua própria vida para o desenvolvimento de algo que consiga avançar a humanidade é muito menor. De tal maneira que é perceptível uma tendência à estagnação do desenvolvimento cultural de uma população com os valores comunistas. É possível imaginar que todo aquele que desenvolva alguma coisa, mas busque algum tipo de recompensa pessoal por isso seja completamente desestimulado pelo sistema, mesmo que isto implique no uso de algum tipo de violência para inibi-lo.

É possível imaginar que as questões reprodutivas sejam bem determinadas para manter a organização do crescimento social. Portanto, as famílias provavelmente serão montadas através de conveniência, como proximidade geográfica ou algum aspecto econômico, e ainda alguma autoridade central decidirá quantos filhos serão permitidos por período. Além disto, é possível prever que a espiritualidade de uma sociedade comunista deva ser bem pouco explorada, dado que eles garantem todo seu desenvolvimento no devido raciocínio de todos os métodos naturais que eles dispõem e na sua organização e eficiência conhecidos.

Expansão:
Embora o comunismo não tenha a ambição individual de crescimento, ele tem a coletiva. É possível imaginar que o crescimento da nação seja uma alegria coletiva, partilhada a todos. Portanto, é possível imaginar que somente por isto já enxergaríamos uma expansão do comunismo. No entanto, o mesmo princípio que foi aplicado ao capitalismo também será aplicado ao comunismo: aquilo que não cresce, morre. Portanto, crescer, também para o comunismo, deve ser uma questão de sobrevivência uma vez que ele precisa lidar com as adversidades externas.

Ora, sendo o comunismo um sistema tão estabilizado em cultura, quaisquer influencias externas podem ser extremamente danosas. Isto é uma debilidade inerente do sistema, uma vez que informações externas podem iludir sua população de modo que a faça desejar valores que não pertencem ao próprio comunismo. Portanto, é constante a luta para que elementos externos não infectem a população, afinal, qualquer inimigo certamente usará isto como ferramenta de ataque.

Este fato torna o comunismo um inimigo natural de outros sistemas, uma vez que a capacidade de adaptação do comunismo é extremamente baixa. Portanto, a convivência com outros países será complicada, de modo que será natural a tendência para processos de guerra. Afinal, o comunismo compartilha em si o valor de que vale a pena a violência para manter seus valores vivos e sua sociedade funcionando. Uma vez em guerra contra outros países, é possível verificar o fortalecimento de sentimentos como honra e a volta de uma estrutura central forte para a tomada de decisões.
Assim como no capitalismo, a tendência final deste sistema fechado de valores será o empobrecimento da população. Isto porque todos estarão preocupados demais em preservar seus métodos de estabilidade social, assim como não desenvolveram nenhum incentivo para o sacrifício pessoal para a renovação coletiva. Além disto, a falta de adaptabilidade do comunismo o torna muito instável, uma vez que qualquer grande ataque à sua cultura pode representar severos danos ao estilo de vida da população. Isto os fazem se fechar para o mundo, de modo a perder a capacidade de trocar informações e, com isto, obter um melhor desenvolvimento.

Considerações finais:
Através deste texto vemos que o comunismo é uma consequência direta dos três valores citados anteriormente. Isto significa que enquanto uma população viver sobre estes valores, o comunismo será uma consequência natural. Ora, o Devir Social considera que o problema do comunismo é um sistema de valoração pobre, que leva à uma cultura de estabilidade. Por um lado isto pode ser positivo, no entanto, quando adicionamos as variantes de uma realidade dinâmica, encontramos uma série de problemas, quanto nas relações internas quanto externas, e que no final, devido ao terceiro valor, estes problemas são resolvidos através da violência. É possível supor que parte de seus valores são verdadeiros, mas ainda incompletos. É claro que sistemas mais sofisticados possam ser desenvolvidos com novos valores, e o Devir Social busca isso através do aprimoramento dos métodos democráticos.

Texto sobre o capitalismo:
http://devirsocial.blogspot.com.br/2017/12/um-olhar-do-devir-social-sobre-o.html

Link no facebook:
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Um olhar do Devir Social sobre o Capitalismo

Introdução:
Há pessoas que pensam que o capitalismo se refere a liberdade individual das pessoas fazerem seus negócios e viver sem que outras pessoas a regulem. Porém, para o Devir Social, o capitalismo não tem haver com isto, sendo uma coisa muito mais profunda que as liberdades individuais que todo indivíduo tem direito. Este texto foi escrito para elaborar melhor esta ideia. No entanto, para falar sobre o capitalismo, é preciso falar um pouco sobre os valores psicológicos dos indivíduos que fazem parte do desenvolvimento do capital. Portanto, iniciaremos com uma sessão chamada “Valores”. Depois disso expandiremos para a implementação, manutenção e expansão do capitalismo e seus efeitos sobre os estados.

Valores:
Cada ação individual colabora ou não para a concentração de capital. Portanto, falar de capitalismo sem falar dos valores que compõe uma sociedade seria uma explicação incompleta. Afinal, sem os valores adequados, o capital simplesmente não seria capaz de se concentrar. Obviamente, estes valores são a forma como a média das pessoas se comportam, há aquelas que saem desta média de comportamento.

O primeiro valor do capitalismo é a noção do próprio desenvolvimento, que é o pensamento de que a melhor coisa que cada pessoa pode fazer para o mundo é desenvolver a si própria. A segunda noção do capitalismo é a da vida justificada pelo prazer imediato. Afinal, o capitalismo não dá nenhuma garantia de futuro por si só, então é bom que se aproveite tudo o que o capital pode oferecer agora. Como consequência destes dois valores, gera-se uma noção de que tudo pode ser comprado, e isto impede a geração de qualquer vínculo social mais forte que o próprio capital. O terceiro valor é o do uso da violência para proteger o capital. Este terceiro valor será necessário para entender o que mantém o capitalismo concentrado.

Implementação:
Imaginemos uma massa de pessoas em que nelas está instalado os três valores anteriormente citados. Para a implementação do capitalismo, cada pessoa irá buscar desenvolver a si própria para que possa desenvolver capital e ter acesso ao prazer. No entanto, logo será percebido que o desenvolvimento em grupo será mais eficiente que o desenvolvimento individual. Pouco a pouco, percebemos grandes grupos de capital surgindo que controlam o modo como o ser humano tem acesso ao prazer. O que o capitalismo fez afinal? Captou toda forma de recursos e acumulou em um só lugar, que é o capital. A partir disto é possível enxergar a sociedade em dois grandes grupos de pessoas: aquelas que possuem o capital e aquelas que não possuem.

As que possuem capital são aquelas que conseguiram desenvolver alguma habilidade para manter o capital consigo, por isto estão numa posição de privilégio. As pessoas que não possuem capital, por sua vez, são as pessoas que não conseguiram desenvolver habilidade para manter o capital consigo, e por isso vendem sua força de trabalho para ter acesso aos recursos de geração de prazer. Por um bom tempo o capitalismo fará isto: captará tudo o que houver na sociedade e concentrará em si, para que fique cada vez mais forte. Esta é a fase da manutenção.

Manutenção:
Com o tempo, as pessoas que não tem acesso ao capital irão buscar se desenvolver de outras formas além do capital. Estas formas são vistas como ilegais e frequentemente serão nocivas a própria sociedade. Elas recorrem a isto porque, afinal, elas tem dentro de si o valor do autodesenvolvimento por um lado, mas não tem recursos para se desenvolver por outro. A solução é partir para a violência como forma de desenvolver-se. Em reação a isso, o capitalismo desenvolve um modelo de contenção de violência, que são as polícias e o governo.

Assim é visto o governo para o capitalismo: apenas uma forma de estabilizar a sociedade e impedir que a violência se organize de modo a desestabilizar a geração de lucro para o capital. O governo se torna uma terceira classe de pessoas, que são aquelas que negociam entre os que detém o capital e as forças que se formam através do descontentamento social, seja estas forças criminosas ou não. Se as forças são criminosas, é fácil para o capitalismo lidar com elas. Afinal, o crime em si é uma força socialmente insustentável, não precisando, portanto, de nenhuma manobra específica para livrar-se dele além de sua desestruturação.

No entanto, o capital precisa utilizar algumas técnicas especificas para lidar com as organizações sociais que não são criminosas. Uma delas é a cooptação da liderança, isto é possível quanto o próprio grupo em si é unido pelos valores do capital, e sendo o capital tão grande, é mais fácil comprar o líder e deixar o resto do grupo sem ação do que lidar com o grupo inteiro. No entanto, se o grupo não tem em si os valores do capitalismo, esta técnica é inviabilizada, e o capitalismo precisa lançar mão do seu terceiro valor, que é o uso da violência, seja ele físico ou moral, em relação à aquele grupo, para assim inviabilizar sua continuidade e o capital continuar protegido.

Expansão:
O cenário de manutenção foi alcançado. Um grupo fixo que possui o capital, que é transmitido através da hereditariedade, outro grupo que precisa lutar para manter-se no poder através da contenção dos descontentes, e os que não possuem capital e vivendo uma vida que com uma grande chance os leva para a busca de outras formas de desenvolvimento que não os saudáveis. Ora, muitos que defendem a continuação do capitalismo ou defendem que não pode ser desse jeito, ou defende que esta é a melhor maneira, pois com o tempo a riqueza será tanta que alcançará inclusive os descontentes. Isto seria verdade se não fosse a necessidade da expansão do capitalismo.

Percebam: para quem tem tudo, o prazer se torna o próprio desenvolvimento. Quantos milionários não utilizam o dinheiro apenas como uma pontuação, como algo que traz status perante aos seus pares? Isto implica que, aquele que tem capital, desejará ter mais capital para continuar seu próprio desenvolvimento. Para isto, ele irá mirar em outras populações, para lá instalar o capital e controlar lá também. Obviamente, aquela próxima população poderá ter seu próprio sistema de capital estabelecido ou haverá outros capitais interessados em expandir-se para aquele local, e isto irá gerar um processo de competição.

Será exatamente este processo de competição que impedirá a riqueza possa escoar para a base do capital, para que ela consiga ter mais condições de se desenvolver. Afinal, a competição é uma coisa que retorna resultados a curto prazo, enquanto que o desenvolvimento humano retorna resultados a longo prazo. Portanto, para vencer uma competição, o capital precisará garantir que tudo aconteça de maneira eficiente, mesmo que implique em sofrimento para a sua base, para assim atingir seus objetivos. Em última instância, podemos recorrer a um ditado que se aplica bem à natureza selvagem da competição: aquilo que não cresce, morre. Para o capital, crescer é uma condição de vida.

Isto claramente implica no empobrecimento de um país. Afinal, enquanto os grandes capitalistas do país estão buscando ao máximo tornar sua população mais eficiente, muitas vezes aumentando a jornada de trabalho delas e sem recompensá-las adequadamente para ter uma maior quantidade de capital em si, a população fica estressada e sem condições de se desenvolver de outras formas, além da violência. Sem este desenvolvimento populacional, esta população fica resuma a técnicas que geram prazer a curto prazo, mas que são nocivas a saúde, a cultura do consumo retrata bem pelos “fast-foods”.

Considerações finais:
Através deste texto vemos que o capitalismo é uma consequência direta dos três valores citados anteriormente. Isto significa que enquanto uma população viver sobre estes valores, o capitalismo será uma consequência natural. Ora, o Devir Social considera que o problema do capitalismo é um sistema de valoração pobre, como consequência uma cultura de consumo por um lado, de violência por outro. Obviamente, parte de seus valores são verdadeiros, mas ainda incompletos. É claro que sistemas mais sofisticados possam ser desenvolvidos com novos valores, e o Devir Social busca isto através do aprimoramento dos métodos democráticos. No entanto, uma vez alcançados, isto não mais será capitalismo.

PS: quando foi escrito o texto “um olhar do Devir Social sobre o comunismo”, falou-se rapidamente sobre a tendência espiritual no comunismo, algo que não foi feito aqui. Portanto, será bom incluí-lo, e isto será feito agora.

Há uma frase muito famosa que diz “A religião é o ópio do povo”, e isto é geralmente verdadeiro no capitalismo. No entanto, isto acontece devido a própria mecânica descrito durante o texto, afinal, grande parte da população está preocupada demais com a própria sobrevivência de modo que não consegue estabilidade necessária para buscar verdadeiramente a Deus. Isto a torna suscetível à visões espirituais que apelem aos sentidos e ao natural. Percebendo isto, muitos líderes religiosos transformam seus ministérios em estruturas que apelam à valores que vão muitas vezes contra o que sua própria religião diz, mas visando a maior retenção do público.

A religião, neste ponto, ao invés de dar a oportunidade para o autoconhecimento e ao conhecimento dos valores divinos, afasta-se destes valores, convencendo à aqueles que a seguem que eles já estão conectados ao divino. O povo, neste momento, se entretém com os métodos naturais desenvolvidos pelos líderes religiosos enquanto perdem aquilo que verdadeiramente deveria nascer neles através do contato com o divino. No entanto, é preciso deixar claro que isto não algo determinístico, de modo a espiritualidade pode surgir mesmo em ambientes hostis ao seu surgimento, seja no capitalismo ou no comunismo

Texto sobre o comunismo:
http://devirsocial.blogspot.com.br/2017/12/um-olhar-do-devir-social-sobre-o_14.html

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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Devir Social e o tratamento da cultura

O Devir Social pretende ser um movimento atuante em nossa sociedade de modo a garantir que seus objetivos sociais sejam estabelecidos, levantando-se sempre que preciso. No entanto, ao atuar com a sociedade, é importante entendermos como lidar com os aspectos culturais de uma sociedade. Afinal, uma vez que somos um movimento social, traremos claros impactos à nossa cultura. Este texto será construído como uma introdução aos princípios que o Devir Social acredita que necessitamos seguir para construir uma cultura forte e saudável.

Para começar a construção destes princípios, lembremo-nos da definição de Devir, que é trazer o potencial humano à realidade. Ora, todo ser humano tem um potencial adormecido que é trazido à realidade através da sua atuação. Este potencial pode ser utilizado tanto para destruir, quanto para construir. No entanto, o objetivo do Devir Social é desenvolver um sistema político que utilize todo este potencial para a construção da nossa sociedade com mais eficiência. Isto significa que, culturalmente, as pessoas precisarão ter consciência do seu poder de transformação ao invés de deixá-los inconsciente, à deriva da manipulação de massa realizada por terceiros.

Qual é o certo a se fazer? Construir ou destruir? Seguir em frente ou retroceder? Ir pela direita ou pela esquerda? Elevar-se ou manter-se quieto? O Devir Social não espera ter estas respostas. Cada ser humano é único, e ele próprio deve encontrar e anunciar ao mundo sua descoberta, tanto pela democracia como por outros meios, como a arte. No entanto, para o Devir, torna-se claro que, mediante o desenvolver das iterações humanas, acidentes e erros serão cometidos, e para manter a ordem social, é preciso que lidemos com tais aspectos. Portanto, como o Devir Social espera tratar os erros e acidentes?

No núcleo de toda democracia existe o direito. O Devir Social acredita no direito como um comportamento interpessoal, importante característica para manter a igualdade, construído através da história. Cada sociedade tem sua particularidade, que se manifesta na forma diferente de fazer direito, e até mesmo de fazer democracia. No entanto, existem princípios, que serão explicados a seguir, que todas as sociedades devem seguir se elas desejam alcançar um nível alto de eficiência, de modo a se encaixar no cenário globalizado que a era da tecnologia nos permitiu ascender.

O direito deve ser um acúmulo de todas as experiências boas trazidas através da história, adaptadas àquela sociedade. Portanto, acidentes, uma vez cometidos, devem ser tratados pelo direito de forma sistemática transformando-se em leis. Se um acidente não tem potencial para se transformar em lei, então ele irá ser tratado pela própria cultura. Caso contrário, poderá o próprio direito, através do governo, lidar com tal acidente, garantido que ele não mais aconteça. O mesmo acontece para os erros. No entanto, é preciso ter uma atenção ainda mais especial para os erros, que são cometidos por humanos de modo, às vezes, proposital, quando estes acreditam em mentiras.

Explicando melhor: todo ser humano tem direito de lutar pelo o que acredita. Isto significa que, às vezes, ele irá lutar por coisas erradas. Afinal, só porque ele acredita não significa são valores verdadeiros ou que se encaixam na sua sociedade em específico. No entanto, até mesmo a sociedade não saberá se aquilo que um ser humano acredita é verdadeiro ou falso, pois se soubesse, provavelmente aquele ser humano específico também tomaria conhecimento e logo desistiria. Portanto, somente através da atuação tal conhecimento será alcançado. E o Devir Social acredita que somente através da verdade uma sociedade saudável é construída. Portanto, liberdade, para nós, é importante.

Durante o processo de luta, pode ser que aquele indivíduo cometa erros. Pode até mesmo ser que ele atrapalhe a sociedade. Portanto, qual a melhor maneira de lidar com ele? O Devir Social acredita que a maior violência que precisamos cometer a outro ser humano é ignorá-lo. Portanto, se achamos que aquele indivíduo luta por coisas erradas, a resposta é simples: ignorá-lo. Uma vez ignorado, o indivíduo que busca lutar por aquilo que acredita poderá ter três opções: desenvolver melhor sua ideia a ponto dela chamar a atenção e/ou convencer-nos que ele está certo, utilizar-se de artifícios violentos para chamar a atenção para sua ideia ou desistir, podendo deixar sua ideia para ser desenvolvida posteriormente ou perceber que ela, na realidade, não funcionará.

No primeiro caso, o Devir se sentirá satisfeito, pois aquele ser humano está buscando formas de transformar seu potencial em realidade. O Devir Social, afinal, é isto! No segundo caso, aonde entra a violência, e aqui nos referimos à violência física, acreditamos que ela precisa ser contida. Aqui entram as polícias, que utilizam a inteligência para conter a violência numa prisão aonde o indivíduo, mesmo que queira, não poderá violentar ninguém. Portanto, esta solução visa, somente, converter a violência física à violência que acreditamos, que é ignorá-lo. No caso da desistência, ele poderá reviver a ideia num futuro, documentá-la para novos tempos históricos ou amadurecer ao descobrir que estava acreditando em mentiras.

Percebam, porém, o quão é importante para o Devir deixar que cada ser humano amadureça todo seu potencial. Se, ao disseminar determinada ideia, uma pessoa fosse violentada para além da ignorância, aquela ideia não seria verdadeiramente morta ou desenvolvida. Ficaria ali, como uma semente, só esperando uma forma de se desenvolver. Portanto, é claramente importante que nos atenhamos ao que realmente importa, que é o desenvolvimento da nossa sociedade na prática, e não à conter o que nem mesmo aconteceu. Isto é um princípio que o próprio Devir buscará seguir em sua própria estrutura interna.

Uma vez que alguém consiga, através da sua atuação, demonstrar através da sua atuação que a sociedade precisa mudar, o Devir Social acredita que os métodos democráticos devam ser o suficiente para tomar conta desta mudança. Afinal, haverá a lei, assim como a atuação de todo cidadão, uma vez convencido, assim fará. Percebam, portanto, que, para o Devir Social, a vida de cada ser humano pode tomar uma proporção maior que ele mesmo. É assim que acreditamos na construção de um estado, que nada mais é a coletânea da construção de todos aqueles que transcenderam a si próprios para a construção da sociedade. O que seria isto o que faz o ser humano transcender a si próprio, senão a própria fraternidade?

Para o Devir Social, o mesmo tratamento dado a um indivíduo deve ser dado a um grupo. Isto significa que, se existe um conjunto de pessoas se reunindo para discutir algo, este conjunto todo é tratado como um indivíduo. Afinal, nada mais natural que pessoas, ao perceberem que estão percorrendo o mesmo caminho, se unam para se fortalecerem. Portanto, desde que ele não seja violento e respeite os métodos democráticos, haverá harmonia e desenvolvimento social. Ideias podem ter o potencial de serem violentas, mas isto não significa que assim se sucederá na realidade.

No entanto, se um grupo for construído com a intenção ou declaração de ser violento, e assim for provado, o Devir Social acredita no direito de neutralizá-lo através do confisco de seus meios de comunicação. Por outro lado, se apenas indivíduos em um grupo buscarem tal coisa, que apenas eles sejam detidos. É preciso que haja entendimento em atitudes feitas pelo grupo e pelos indivíduos que compõe o grupo, para então responder à altura correta. Somente assim haverá harmonia entre a construção coletiva e os interesses individuais.

Esperamos que cada indivíduo, a unidade básica de vida social, encontre em si próprio o potencial que os fazem viver, para assim se unirem aos coletivos, acrescentando a eles ao invés de agirem somente como massa de manobra. Com isto finalizamos mais este texto, que visa demonstrar as contribuições e influências culturas que o Devir Social buscará propagar em sua atuação. Portanto, iremos contribuir com a sociedade não somente através das ideias políticas, mas também através da cultura. Um abraço a todos e até a próxima postagem.

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Distribuição de renda e a ciclagem eleitoral

    Bem-vindos a mais uma postagem do Devir Social. Hoje faremos uma breve viagem pela distribuição de renda aqui no Brasil. Este é um assunto bem técnico, mas que será visto aqui de maneira simplificada para possibilitar uma interpretação sobre a pobreza, sendo este o principal objetivo deste texto. Esta interpretação da pobreza, de certa forma, está relacionada com tudo o que o Devir Social, de alguma forma, luta: que é a maior integração das pessoas nos sistemas democráticos.

    Para iniciar, é preciso saber basicamente que o Brasil exporta, de maneira quase absoluta, produtos em estado bruto, e importa produtos aprimorados tecnologicamente. Isto significa que um produto sai daqui do Brasil para outro país, é trabalhado lá, então o Brasileiro exporta mais do produto que saí daqui do Brasil para importar aquele produto que foi lá, mas também foi transformado. Existe uma enorme consequência social nisto: a má distribuição de renda, que é histórica no Brasil.

    Esta má distribuição acontece porque é o trabalho empregado para extrair produto bruto é de baixa complexidade, sendo quase robótico, enquanto que o trabalho empregado para transformar o produto bruto em um produto tecnológico, por outro lado, é de alta complexidade e mais humanizado, sendo maior a necessidade o bom condicionamento dos humanos envolvidos na produção. A forma de condicionar bem os seres humanos é gratificá-los de modo a torná-los capazes de financiar outros seres humanos a desenvolver para eles um ambiente e conhecimentos adequados para o bom funcionamento de suas vidas.

    Por exemplo: um trabalhador pode se preocupar em limpar suas próprias roupas e fazer sua própria comida, além da sua árdua rotina de trabalho, ou pode terceirizar estes serviços, de modo a fornecer mais tempo para que ele cuide da sua família. Numa sociedade em que a qualidade de trabalho é baixa, as pessoas vivem sobre indicadores sociais ruins, como violência e corrupção, já que não existe um sistema bem definido de trabalho e recompensa, de modo a não permitir uma boa organização de estrutura familiar e de herança de comportamentos.

     Ainda, é clara a necessidade de um governo para proteger dar ao grupo que estiver na base deste sistema social as condições necessárias para que eles vivam com dignidade. Uma pessoa que trabalhe na cozinha ou na lavandeira também precisa ter tempo para dedicar-se à sua família. Contudo, se a renda não é bem distribuída e o governo não é bem fiscalizado, não há condições de construir tais estruturas, e estas pessoas vivem em uma complicada situação de quase escravidão em alguns casos, sendo elas, ou seus filhos, a principal fonte de violência e instabilidade social.

    Ora, se o Brasil, por definição, é um país cuja organização econômica implica diretamente em um trabalho de baixa complexidade, significa que os sistemas sociais montados no Brasil, se não houver um governo forte o suficiente para combater este mal de alguma forma, sempre vão implicar em indicadores sociais ruins. Para combater estes indicadores sociais ruins, a população recorre a mais governo, mas que sem fiscalização torna-se apenas uma ferramenta indireta de distribuição de renda com má eficiência. Este é um trágico destino para qualquer país, sendo um verdadeiro estado de pobreza.

    É possível interpretar isto de outra forma: uma grande massa de pessoas está acostumada a um trabalho de baixa complexidade. Isto significa que é fácil repor estas pessoas, e é barato e rápido instruí-las ao trabalho, e ambas as coisas diminuem o tempo de qualificação e o valor de mercado do trabalho delas. Com o valor de trabalho tão baixo, e com uma sociedade estruturada para ter seus bens de desejo importados, torna-se muito alto o valor da violência. Ou seja: economicamente é mais viável ser violento que trabalhar. Isto é um dos fatores que induz o estado de pobreza mencionado acima.

     Este estado de pobreza só gera mais pobreza, através da desigualdade na distribuição de renda e da violência. É possível perceber isto quando, para combater a violência, a sociedade decide impor mais violência, através da recompensa por estruturas de estabilização social, que são as polícias que reprimem as pessoas que tentam rebelar-se através da violência ao sistema estabelecido, mesmo as pacificas, como passeatas.  Portanto, temos, ao final das contas, uma sociedade cuja distribuição de riqueza é desenvolvida da seguinte forma:

    A classe detentora do capital bruto, aonde se colhe o produto que será exportado para a exportação dos bons que trazem sensação de bem-estar, status e riqueza. A classe que organiza a aparência de legitimidade deste processo de maneira obscura, comprada pela classe anterior através da corrupção e que também contrata as classes que redistribui, acalma e estabiliza a população, através de propina, violência, burocracia, cabide de emprego, além de outros métodos ilícitos, e a própria população, cercada de indicadores sociais ruins, mas que continua trabalhando para manter-se em um estado mínimo de dignidade.

     Ao observar a história é possível perceber que, em geral, a população ou está em estado de pão e circo ou está em estado de guerra. Atualmente, o pão e circo no Brasil está caminhando para se tornar insustentável. Portanto, entraremos em breve a um estado de guerra. Mas que estado de guerra é esse senão a guerra contra nossos próprios conterrâneos? Nossa guerra, no entanto, será verdadeiramente contra a corrupção. Porém, como combater a corrupção senão através da participação popular nos meios democráticos? Entendemos aqui o grande interesse do Devir Social com relação à distribuição de renda.

     Alguns, por outro lado, poderiam afirmar que a solução está em desenvolver um produto de alta complexidade no Brasil, de modo a reter mais riqueza no próprio país e também distribuída entre aqueles que estudam para produzi-la. Mas isto, com esta configuração atual, é impossível. Afinal, para tanto é preciso da coordenação daqueles que desejam o novo com o governo, que por sua vez já está corrompido pelo capital que deseja a manutenção do atual sistema econômico. Portanto, é fundamentalmente necessário mudar a característica do governo, e isto só será possível se as pessoas, através da sua participação na democracia, fazer com que o governo realmente funcione de modo legítimo. E não há outro modo de fazer isso se não aperfeiçoarmos os mecanismos de relação com o governo para que o esforço de mudança se torne viável.

    Inclusive, no próprio texto do manifesto do Devir Social, considera-se que é importante desenvolver instrumentos para que a população possa usar quando a corrupção está em alta. Afinal, como é possível conceber um modelo de sociedade moderno se, para revitalizá-la da corrupção, for necessário um estado de guerra para unir o povo em torno de um objetivo comum? Além disto, uma última consequência de uma população afastada do seu governo é a ciclagem eleitoral, algo que o Devir Social considera como a forma moderna de guerra que ocorrerá no mundo.

    A ciclagem eleitoral trata-se do quão distante as propostas daqueles que sobem ao poder de um governo está da realidade, de modo que, quanto mais distante for, maior a possibilidade de outro governo utilizar esse vácuo para beneficiar sua própria população, conseguindo a reeleição de seus candidatos. Isto decorre imediatamente do fato de que vivemos em uma sociedade globalizada, que as econômicas estão lado-a-lado e que ainda não existe um governo global para evitar este tipo de situação.

    É o principal fundamento que dá margem para a colonização moderna, e a única forma de combatê-lo é ter uma população conectada à realidade sobre como as coisas funcionam, e não ligadas somente a uma rotina de dia-a-dia artificial. E a única forma de conectá-las a realidade é fazê-las cuidar da democracia, a abstração da “terra” que antes se tanto defendia nas guerras medievais. Com isto, finalizamos este texto, um abraço a todos e até a próxima postagem.

Recomendo a leitura dos textos:
Aspectos de uma guerra moderna:
http://barnabasspenser.blogspot.com.br/2017/02/aspectos-da-guerra-moderna.html
Princípios econômicos para a organização social
http://devirsocial.blogspot.com.br/2016/08/principios-economicos-para-organizacao.html
Reflexão sobre a evolução e alguns dos seus mecanismos sociais aliados com perspectiva cristã
http://barnabasspenser.blogspot.com.br/2016/11/reflexao-sobre-evolucao-e-alguns-dos_3.html

Link no face: https://www.facebook.com/DevirSocial/posts/620787624788930

domingo, 15 de janeiro de 2017

Devir Social e o estado como agente de continuidade

Introdução:
     O que é um estado? Há alguns artigos atrás o Devir Social já assume que um estado é o principal agente de continuidade social. Porém, esta definição é breve e vaga, sendo a intenção deste artigo estendê-la e explicá-la para que se torne claro como o Devir Social entende importante a existência de um estado para o bem-estar de uma sociedade. Porém, a todos aqueles que decidirem continuar, aconselho-os a limparem-se de seus preconceitos com relação ao atual funcionamento do estado: para o Devir Social, o estado como se apresenta atualmente é uma mera consequência de uma teoria de estado ultrapassada, que permite mecânicas obscuras de controle que desfavorecem completamente a continuidade de uma população.

Surgimento:
     Para iniciarmos o entendimento sobre o que é um agente de continuidade, é preciso lembrar quais princípios motivaram a organização atual do estado. Inicialmente haviam estados construídos de forma que um agente só detinha todo poder, ou, quando separados, esta separação não era forte o suficiente para evitar que o monopólio do poder surgisse. Através do monopólio do poder, um agente social se tornava tirânico, o que implicava em uma grande dependência do estado para a personalidade daqueles ou daquele que dominava. Isto é um cenário completamente desastroso para a continuação de um estado complexo, pois, com um determinado agente, o estado poderia funcionar de um jeito, com a morte deste e o surgimento do outro, o estado transformaria seu comportamento, dando descontinuidade a todo um trabalho já executado. Além disto, a sombra de um agente tirânico com instabilidade de personalidade no poder assombra qualquer povo que preze por sua liberdade.

    Para tanto, houve a separação moderna do poder do estado. Executivo, judiciário e legislativo. Mas, a principal pergunta a ser feita aqui é: o que é este poder que sempre foi presente nas sociedades? Este mesmo poder responsável por organizar os exércitos, tomar as decisões mais importantes para o convívio das pessoas e usar o que há de melhor em cada estado? O Devir Social chama isto de “poder de continuidade”, que é exercido por um agente de continuidade social. Basicamente, este poder se instala através do sofrimento e da falta de capacidade ou de objetivo de lutar que pessoas individualizadas apresentam, mas que quando organizadas através de alguma entidade, revelam uma força expressiva e vantajosa para todos os envolvidos. E uma vez que tal entidade é instalada, ela, através de seus indivíduos, busca uma forma de continuar, que pode ser tanto através da violência, como nos estados antigo, como através da ignorância do povo, como no estado moderno.

     A oficialização dos agentes de continuidade através da invenção do estado foi algo de fundamental importância para a eficiência de uma sociedade. O estado se torna responsável por observar sua sociedade e fazer o que for necessário para o seu bom funcionamento, de modo a torná-la competitiva diante de outras sociedades, tanto para ganhar guerras quanto para continuar economicamente ativa. Com o estado oficializado, foi preciso também inventar uma maneira de fazer sua manutenção. As mais modernas, atualmente, é a democracia e o direito, pois é através destas duas tecnologias que os países mais avançados da Europa e das Américas se organizam. O direito, carregando em si o princípio dos três poderes como forma de organizar os agentes detentores do poder, e a democracia, como forma de escolher quais agentes irão assumir a estrutura do estado para dar continuação à sua existência.

Caracterização:
     Estes três parágrafos demonstraram um pouco da construção do estado moderno e da tendência das pessoas de criarem entidades para organizar o seu poder. A política trata-se fundamentalmente de organização, afinal. Toda estrutura física criada para política é perecível, e reflete somente o poder de organização que existe nas pessoas. Muitos defensores de que apenas a força econômica é o suficiente para organizar uma sociedade ignoram que o maior organizador político é o sofrimento, e que o sofrimento fundamentalmente nasce das pessoas que estão em pior situação em uma sociedade. É preciso ressaltar que este “pior” não é um adjetivo qualificativo e sim comparativo, o que implica que sempre vão existir pessoas que sofrem em uma sociedade não importando quão economicamente rica ela é. Além disto, se o sofrimento não encontrar vias legais para transformar a sociedade, ele irá encontrar meios violentos para tanto.

    Portanto, é justamente do sofrimento que começaremos a explicar o que é um estado enquanto agente de continuidade social. Toda vida é um processo de continuidade, afinal, todo filho vem de uma família. Porém, quando este processo de continuação está difícil, ele gera sofrimento. O sofrimento então se materializa através da violência, no sentido mais puro da palavra. A violência instala novos comportamentos, que podem ser bons ou ruins. A princípio, a própria família tem capacidade de lidar com o sofrimento, filtrando os comportamentos dos ruins, de modo a fazer da própria renovação familiar, uma renovação também da atividade que mantém a tal família viva. Porém, quando a sociedade está doente, a própria família perde esta capacidade de filtro, de modo que esta responsabilidade acaba sendo transferida para o estado.

Função seletor:
   Sendo assim, a primeira função de um estado de continuidade social é prover políticas capazes de lidar com o sofrimento humano, através da privação de liberdade para aqueles que encontram soluções nocivas para o seu sofrimento, e o incentivo para aqueles que encontram soluções saudáveis para o seu. Assim, a própria solução em questão é reforçada positivamente, alcançando novas pessoas que também estão sofrendo e ganham uma oportunidade de atuar em algo que satisfaça sua existência, enquanto que as soluções negativas são desestimuladas, mantendo os agentes responsáveis por tais soluções em vigilância até que eles encontrem ou adiram a soluções positivas para a sociedade. Porém, estes agentes que encontram soluções ruins podem não ter outra solução para sua vida, o que leva a segunda responsabilidade do estado de continuidade social, que é a redistribuição.

Função redistributiva:
    O próprio direito moderno, montado sob o lema igualdade, fraternidade e liberdade, prevê que existe um conjunto de garantias mínimas que todo cidadão precisa ter para manter-se digno. Se este cidadão não consegue por si só alcançar a estas garantias, o estado precisa desenvolver formas para que isto seja alcançado. Afinal, sem estas garantias mínimas, o próprio cidadão não terá capacidade de desenvolver ou aderir a soluções positivas para a sociedade, é o que chamamos de estado indigno de existência. Contudo, a própria forma de garantir a redistribuição deve ser pensada cuidadosamente para evitar pessoas que se satisfaçam apenas com o que o estado dá, evitando, desta forma, o desenvolvimento de pessoas que parasitem sobre o imposto do próximo.

Característica de estabilização:
    A função de redistribuição pode ser agrupada em uma característica estabilizadora. Ou seja: cria condições de estabilidade para que os cidadãos consigam viver com dignidade. Outra função estabilizadora de um estado de continuidade social é a regularização. É preciso que um estado regule e fiscalize as principais atividades humanitárias que se desenvolvem sob sua responsabilidade, isto porque é ele quem vai arcar com as consequências do que acontecer caso algo dê errado. Regularizar é fundamentalmente uma questão de educação, e ela nunca deve ser inibidora, mas sim corretora. Afinal, é através da regularização que os agentes de diferentes classes sociais vão se sentir seguros para continuarem com suas atividades e cuidar de suas famílias e que muitos problemas de saúde pública e acidentes são evitados. Contudo, devido à falência na capacidade de manutenção do estado, a regulamentação e a redistribuição estão bastante ineficientes no nosso estado atual.

Função reguladora:
    O próprio estado e suas funções também precisam ser continuados, com isto estamos na terceira função do estado, que é sua própria manutenção. Aqui entra a democracia e o direito, que abre margem para os impostos e taxas. De qualquer forma, a manutenção do estado, atualmente, é a parte mais delicada. Alguns estados são fracos, outros são fortes. O estado basicamente perdeu sua capacidade de ser calibrado devido ao distanciamento do povo da realidade cotidiana da política, o que dá liberdade para o político desenvolver mecanismos para iludir e amortecer o sofrimento do povo enquanto que ele garante sua própria continuidade no poder. O próprio estado ter chegado a este ponto prova que ele é um agente de continuidade, pois de que outra forma ele iria desenvolver toda esta sabedoria em desenvolver mecânicas para iludir e amortecer o povo, sem ser através de uma continuação de tentativas e erros de vários e vários políticos que entram e saem do poder a cada eleição?

Função de manutenção:
    A principal bandeira de militância do Devir Social é a modernização das mecânicas de manutenção do estado. Tanto através do tribunal de júri, como forma de revalorizar a moral e fornecer subsídios éticos aos legisladores e as classes que se envolvam em conflitos, como também através dos conselhos sociais, que atuam fiscalizando e auxiliando na implementação de políticas públicas para que estas se demonstrem realmente eficientes, e não apenas uma ferramenta de maquiagem social. Também, o Devir Social prevê que cada cidadão possa ter o direito de participar e encontre canais de se manifestar publicamente, e que toda a máquina pública deva alcançar um estado de transparência de funcionamento, para assim atender aos requisitos básicos do estado de direito definido pela constituição federal.

Estado: prejuízo maior que benefício?
    Há quem diga, ainda, que os custos para manter um estado é maior que os benefícios para manter um. É difícil defender o estado atualmente, pois ele está completamente fora de sua função como agente de continuidade. Se ele regulariza, por exemplo, esta regulação é feita interesses muitos maiores que apenas os das classes envolvidas com a regulamentação, de modo que até mesmo seja mais benéfico o cenário antes da regulamentação que depois para os envolvidos diretamente com ela. Se ele redistribui, sua redistribuição é feita com uma grande dose de desvios e ilicitudes. Suas políticas de inibição de comportamentos ruins é completamente desmedida, atuando apenas em situações extremas, e praticamente não existem políticas de para reforçar bons projetos, porque todo projeto que ganha caráter político também ganha as velhas práticas políticas, que desvirtua e tira a força e o potencial original do projeto.

    Contudo, imaginando um estado realmente eficiente, é preciso pensar na estabilidade, que vai desestressar as pessoas e revalorizar a instituição familiar, na capacidade de recuperar as pessoas de caminhos criminosos, de evitar acidentes ou mortes recorrentes por falta de interesse econômico dos que submetem os outros a tais práticas, entre outros aspectos. Como uma forma de concretizar tudo isto, vamos supor que o mercado econômico tenha pouco ou nenhum interesse em investir em ideias com baixa lucratividade, mas que valorizem os bons hábitos humanos, ou tenha pouco ou nenhum interesse em se arriscar. O primeiro projeto terá pouca chance de ser financiado, se não for pelo interesse do estado em sustentá-lo para usá-lo de marketing político para reeleger os políticos responsáveis por sua boa implementação. O segundo terá dificuldades de conseguir a verba inicial, então terá de recorrer aos bancos, o que representa um risco absurdo ao empreendedor em questão. Porém, estes dois cenários são os que, de fato, transformam os aspectos econômicos de uma sociedade.

     Sem esta renovação, as pessoas ficam presas ao que gera lucro. E o problema do que gera lucro é que um ambiente de alta competitividade é também um ambiente de alto estresse, e o estresse diminui a capacidade das pessoas se relacionarem, o que diminui o consumo e a capacidade de inserir as pessoas em novas atividades econômicas, já que a cultura em si também é diminuída. Ora, quem vai querer arcar com os custos de formar um novo profissional? Senão a própria família, interessada em que seu filho(a) consiga sobreviver, ou o próprio governo, interessado em conseguir votos? Mas, e se a própria família está ocupada demais tentando produzir o máximo de lucro possível, como a questão cultural do seu filho será organizada? Ele também entrará em um ambiente extremamente competitivo, e que a resistência a erros é baixa. Sem o suporte da família, este ambiente se torna quase impossível, e então temos como resultado uma geração de pessoas que não conseguem se adaptar ao mercado de trabalho como funcionários, e também não conseguem ser empreendedores, pois não existe neles o amadurecimento para arcar com os riscos de inovar.

Conclusão:
    A sugestão do Devir é: porque não pegar parte do esforço depositado para desenvolver um ambiente de alta competitividade e depositá-lo na organização política, para que esta consiga assumir riscos e desenvolver projetos que alterem o cenário econômico para aqueles que realmente tenham projetos descentes de serem continuados e que transformem o viver daqueles que sofrem? Para tanto, é óbvio, a política precisa funcionar, coisa que atualmente não acontece. Mas, num ambiente não tão competitivo, erros tornam-se mais toleráveis e também sobra mais tempo para passar com a família, o que aumenta o consumo e a segurança das relações humanas de uma maneira geral. Finalizando, o Devir Social espera que, se o estado consiga alcançar suas funções de continuidade social através das propostas de melhorias sugeridas pelo Devir, consigamos superar os grandes males deste século, que é, por um lado, uma população depressiva, por outro, a falta de fraternidade. Abaixo, segue um gráfico para representar de maneira ilustrativa o que eu quero dizer com estes dois últimos parágrafos. Abraço a todos e até a próxima postagem.



      Este é um gráfico de esforço por produção. Ele, inicialmente, mostra que para haver produção, é necessário um investimento inicial. Quanto mais refinada ou tecnológica for a atividade, maior é este investimento, seja em capital humano como também em infraestrutura. Mas, com tal investimento alcançado, a questão da produtividade deste gráfico se fundamenta principalmente no envolvimento do funcionário com a empresa. Quanto mais envolvido, mais esforço ele aplica, mais produção também, porque este esforço não depende de investimento. Este esforço pode estar localizado na zona de estresse, que é considerada o ápice da produtividade, ou na zona de intolerância, que é ainda mais produtiva, porém não admite erros. A questão se complica quando vivemos em uma sociedade que acha natural viver na zona da intolerância, o que não é, pois o comportamento intolerante do trabalho é importando para as relações familiares, e isto é algo prejudicial à continuidade da família. Além disto, porque não pegar este esforço que torna as pessoas intolerantes e investir em novos comportamentos? Continuar produtivo, sim, mas desde que a produção seja passível de continuidade sem prejudicar outras formas de continuidade, como a família ou a própria sociedade.