segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Devir Social e o direito ao segredo

Uma questão confusa é quanto tratamos sobre os direitos e os deveres referentes a entidades públicas e privadas. Para lançar luz sobre uma possível solução a este tipo de confusão, o Devir Social gostaria de propor uma ideia básica, chamada de direito ao segredo. O direito ao segredo, para o Devir Social, é deve ser basicamente aquilo que separa uma entidade pública de uma entidade privada. Embora pareça um princípio simples, seus desdobramentos podem ser poderosos quanto pensamos a cerca da organização dos direitos da nossa sociedade.

Para iniciar, começamos definindo que, por ser público, o direito ao segredo é vedado ao estado, salvo em questões de ordem. Isto significa que todo o funcionamento do estado deve ser documentado e claro para que todo e qualquer cidadão possa exigir seu perfeito funcionamento. Obviamente, isto implica em um estado lento, no entanto, também implicará num estado que garantidamente funcionará. Afinal, se não funciona no papel, então cabe à sociedade civil organizar-se em torno da ideia de estado para conceber um que realmente funcione.

Outra consequência disto é que o estado será a base mínima de funcionamento da sociedade. Isto significa que todo conhecimento que garantidamente funcione estará implementado no estado, mesmo que este conhecimento seja obsoleto. Isto significa que, por exemplo, na área da saúde, deverá haver pessoas com os conhecimentos básicos de saúde de uma sociedade. Todos os procedimentos estarão devidamente protocolados e serão sustentados através do imposto, mas garantirão o mínimo de fornecimento do que for necessário para que o humano em sociedade sem que se queixe de que suas garantias básicas não estejam sendo atendidas. Afinal, se uma garantia básica é assim estabelecida, é porque ela é comprovadamente possível. Do contrário, ninguém pode exigir aquilo que não é possível.

Ora, sendo o estado vedado do direito ao segredo, é justamente através dele que definiremos as entidades privadas. Toda entidade privada tem direito ao segredo, salvo em questões de ordem. Desta forma, toda entidade privada poderá agir como quer, desde que cumpra o contrato social estabelecido entre ela e seu cliente. Do contrário, o próprio cliente poderá se revoltar e ele mesmo tentar algo contra a entidade privada, e isto não é um ambiente propício ao desenvolvimento social. Desta forma, toda entidade privada terá seu próprio modo de funcionamento, desconhecido a todos, e os princípios da livre competição poderão funcionar plenamente.

Em busca da máxima eficiência, é natural que as entidades privadas desenvolvam seus próprios métodos de fazer as mesmas funções que o estado. No entanto, uma vez que um segredo de alguma entidade privada for revelado e devidamente documentado, o estado e a concorrência terá o direito de se apropriar dele. Portanto, será necessário investimentos em segurança de informação para que este tipo de situação seja evitada. Assim, busca-se encontrar uma estabilidade em relação à atuação do estado e a concorrência entre as empresas.

O cidadão ficará livre para escolher se acessará aos serviços do estado ou os serviços privados, mas nenhum cidadão poderá se queixar de que suas garantias mínimas não foram atendidas. A inovação também ficará por conta do próprio estado, em busca da sua renovação trazida pelo próprio esquema democrático contemplado pelo Devir Social, como também pelas entidades privadas, que terão a sua disposição a liberdade para explorar seus recursos como quiserem, para descobrirem seus segredos que as deem vantagem com relação aos seus concorrentes.

As questões de ordem devem ser analisadas com cuidado para que não se tornem benéficas para um ou para outro. Serão verdadeiramente um acordo político que desenvolveram as estruturas de funcionamento da sociedade e sua relação entre público e privado, desenvolvendo uma identidade própria da região aonde atua, adaptando-se as suas características econômicas e culturais. São elas que vão decidir se algo público deverá ser secreto, ou se um segredo privado deverá ser investigado para que se descubra algo que não esteja nos contratos, mas que deveria estar.

Buscamos assim criar uma relação de harmonia de poderes entre o estado e as diversas entidades privadas de um país, sejam elas concorrentes ou não, de modo que o próprio poder tenha condições de inibir anomalias de outro poder. O estado terá uma estrutura garantidamente funcional, mas lenta, e em cima disso o privado agirá como quiser durante seu processo de concorrência, desde que não fira nenhuma questão de ordem, como por exemplo, produtos que prejudiquem a saúde sem o consentimento do consumidor. Assim, cada cidadão deverá zelar por tais regras, para ter um estado funcional, mas também garantir sua liberdade de escolha.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Aspectos do espectro político

Introdução:
Muito se vê na discussão sobre o espectro político. No entanto, o Devir Social acredita que estas discussões se tornam confusas quando se confunde a posição ideológica com a posição prática. Portanto, com o intuito de tornar um pouco mais clara as discussões, este texto pretende definir e especificar a diferença entre estes dois espectros políticos: o prático e o ideológico. Depois disto, será feita uma breve reflexão sobre os perigos e confusões de misturá-los.

Espectro ideológico
:
Este espectro surge a partir da idealização do mundo perfeito. Portanto, para falar sobre o espectro ideológico, é necessário pensar numa sociedade idealizada. Como falaremos sobre uma ideologia aplicada a seres humanos, é aconselhável que se pense numa sociedade inicialmente homogênea, mas que em seus indivíduos esteja contida a ideologia referida. A partir de então, verificar como esta sociedade se desenvolverá. De certo modo será natural aplicar certas mutações artificiais nos indivíduos para que se quebre a homogeneidade, para então obter um ambiente mais fiel à realidade e observar a resposta desta sociedade em relação a estas mutações. Estes passos foram aplicados nos textos Um olhar do Devir Social sobre o capitalismo e comunismo.

Espectro prático:
Este espectro surge a partir das decisões tomadas pela política no mundo real. Afinal, é natural que certas medidas beneficiem um grupo específico de pessoas mais que outro, e é sobre isto que consiste a discussão política e, como recurso de comunicação, a divisão das classes sociais em posições num espectro político. Portanto, neste sentido, o que determina se uma pessoa está em um lugar ou outro do espectro político não é aquilo que ela acredita, mas sim suas condições econômicas. Assim sendo, por exemplo, decisões de direita beneficiam pessoas com de direita enquanto que prejudica pessoas de esquerda, necessariamente, e vice-versa. Naturalmente, é possível assumir que, sendo uma sociedade heterogênea, nunca haverá uma decisão beneficie igualmente a todas as partes.

Reflexão:
Para o Devir Social, é bom que se crie o costume de diferenciar estes dois tipos de espectros para que a discussão possa se tornar mais organizada e precisa. Afinal, é muito comum ver pessoas que misturam frequentemente ideologia com prática e vice-versa. Isto torna esta discussão infrutífera, afinal, se instala uma neblina de confusão que não permite que as diferentes partes possam se comunicar de modo a enxergarem precisamente suas diferenças e semelhanças. O quão comum é uma pessoa atacar a ideologia de outra levando em consideração sua posição prática no espectro? Embora a prática possa induzir uma visão específica sobre o ser humano, de modo a assumi-lo assim na ideologia, a discussão ideológica é fundamentalmente uma discussão racional, de modo que é possível deixar claro cada conceito adotado e desenvolvido ideologicamente.

Finalização:
Atualmente existe um clima de desconfiança que cerca as discussões políticas. Claramente algumas pessoas querem comunicar suas ideologias, mas são atacadas como se defendessem aquela ideologia puramente porque elas vão as beneficiar na prática. Isto é algo prejudicial, pois além de nem sempre ser verdade, reduz os atributos racionais do ser humano às posições animalescas de cada um defenda o seu. Esta redução, no entanto, não condiz com um ser humano que convive em sociedade, que afinal deve saber lidar com as diferenças através da justiça, da bondade, da verdade, de modo a não se reduzir à condição animal. É nisto que o Devir Social trabalha para alcançar.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Um olhar do Devir Social sobre o Comunismo

Introdução:
Estes dias foi escrito, aqui no Devir Social, sobre um olhar do Devir Social sobre o capitalismo. Por isso é interessante que se faça a mesma coisa sobre o seu oposto conceitual, o comunismo. Tentaremos aqui escrever com o mesmo método utilizado no texto anterior, no entanto, resguardando o menor conhecimento prático por parte do autor sobre o sistema ao qual o texto se refere. Portanto, de certa forma, o texto poderá conter algumas liberdades de hipótese. Começaremos pelos valores, onde os dois primeiros serão o oposto do capitalismo, mas o último será igual, e passaremos pela implementação, manutenção e expansão.

Valores:
Da mesma forma que no capitalismo, cada indivíduo colabora ou não para que as coisas sejam comuns a todas as pessoas. Portanto, é preciso falar sobre os valores que norteiam uma organização de sociedade baseada na ideia de tornar as coisas comuns. Novamente, assumiremos que estes valores serão os aceitos pela média da população.

O primeiro valor do comunismo é a noção de desenvolvimento coletivo, que é o pensamento de que a melhor coisa que cada pessoa pode fazer é garantir que todos tenham oportunidades semelhantes de desenvolvimento a depender de sua vontade. O segundo valor do comunismo seria a garantia de prazer estabilizado, ou seja: nenhum prazer pode significar um risco para o desenvolvimento em grupo, portanto, não existe espaço para o desenvolvimento do individualismo. Todos são como se fossem um só, embora haja as particularidades que, neste modelo, são desprezíveis. O terceiro valor é a noção de que o uso da violência para proteger o bem-estar comum seja válido, de modo a lutar contra qualquer comportamento que não se adequam às ideias do comunismo.

Implementação:
Imaginemos uma massa de pessoas Imaginemos uma massa de pessoas em que nelas está instalado os três valores anteriormente citados. Para a implementação do comunismo, esta massa irá se unir, desenvolver algum tipo de ação para coordenar o desenvolvimento de todos, de modo que nenhum deles tenham que se esforçar demais ou de menos para que o objetivo seja concluído. Portanto, a ação de todos os indivíduos devem ser coordenadas por este ente central, de modo a desenvolver as condições necessárias para que um estilo de vida prazeroso, seguro e comum a todos seja desenvolvido.

Uma vez que este estilo de vida seja desenvolvido, a necessidade de uma organização central diminui, já que toda a infraestrutura desta sociedade já está montada. No entanto, ainda sim é preciso que haja essa organização para garantir que os indivíduos não desenvolvam comportamentos nocivos aos ideais do bem-estar comum, como o individualismo. Além disto, é preciso verificar que há outras nações externas à comunidade original, e é preciso proteger a comunidade de ataques externos.

Manutenção:
O esquema de manutenção do comunismo é um pouco mais simples que o do capitalismo. As pessoas serão organizadas de acordo com suas aptidões, de modo a colaborar com o desenvolvimento da comunidade e ter acesso à produção comum. Como o individualismo será algo desestimulado ao máximo, o senso competitivo e a recompensa individual não serão conceitos praticados. Tudo o que for desenvolvido assim o será para o bem comum, e será desenvolvido puramente pelo prazer daqueles que desenvolvem em desenvolver.

No entanto, devido a ausência de recompensa individual e a garantia de sobrevivência garantida pelo grupo, o estimulo para que um indivíduo sacrifique sua própria vida para o desenvolvimento de algo que consiga avançar a humanidade é muito menor. De tal maneira que é perceptível uma tendência à estagnação do desenvolvimento cultural de uma população com os valores comunistas. É possível imaginar que todo aquele que desenvolva alguma coisa, mas busque algum tipo de recompensa pessoal por isso seja completamente desestimulado pelo sistema, mesmo que isto implique no uso de algum tipo de violência para inibi-lo.

É possível imaginar que as questões reprodutivas sejam bem determinadas para manter a organização do crescimento social. Portanto, as famílias provavelmente serão montadas através de conveniência, como proximidade geográfica ou algum aspecto econômico, e ainda alguma autoridade central decidirá quantos filhos serão permitidos por período. Além disto, é possível prever que a espiritualidade de uma sociedade comunista deva ser bem pouco explorada, dado que eles garantem todo seu desenvolvimento no devido raciocínio de todos os métodos naturais que eles dispõem e na sua organização e eficiência conhecidos.

Expansão:
Embora o comunismo não tenha a ambição individual de crescimento, ele tem a coletiva. É possível imaginar que o crescimento da nação seja uma alegria coletiva, partilhada a todos. Portanto, é possível imaginar que somente por isto já enxergaríamos uma expansão do comunismo. No entanto, o mesmo princípio que foi aplicado ao capitalismo também será aplicado ao comunismo: aquilo que não cresce, morre. Portanto, crescer, também para o comunismo, deve ser uma questão de sobrevivência uma vez que ele precisa lidar com as adversidades externas.

Ora, sendo o comunismo um sistema tão estabilizado em cultura, quaisquer influencias externas podem ser extremamente danosas. Isto é uma debilidade inerente do sistema, uma vez que informações externas podem iludir sua população de modo que a faça desejar valores que não pertencem ao próprio comunismo. Portanto, é constante a luta para que elementos externos não infectem a população, afinal, qualquer inimigo certamente usará isto como ferramenta de ataque.

Este fato torna o comunismo um inimigo natural de outros sistemas, uma vez que a capacidade de adaptação do comunismo é extremamente baixa. Portanto, a convivência com outros países será complicada, de modo que será natural a tendência para processos de guerra. Afinal, o comunismo compartilha em si o valor de que vale a pena a violência para manter seus valores vivos e sua sociedade funcionando. Uma vez em guerra contra outros países, é possível verificar o fortalecimento de sentimentos como honra e a volta de uma estrutura central forte para a tomada de decisões.
Assim como no capitalismo, a tendência final deste sistema fechado de valores será o empobrecimento da população. Isto porque todos estarão preocupados demais em preservar seus métodos de estabilidade social, assim como não desenvolveram nenhum incentivo para o sacrifício pessoal para a renovação coletiva. Além disto, a falta de adaptabilidade do comunismo o torna muito instável, uma vez que qualquer grande ataque à sua cultura pode representar severos danos ao estilo de vida da população. Isto os fazem se fechar para o mundo, de modo a perder a capacidade de trocar informações e, com isto, obter um melhor desenvolvimento.

Considerações finais:
Através deste texto vemos que o comunismo é uma consequência direta dos três valores citados anteriormente. Isto significa que enquanto uma população viver sobre estes valores, o comunismo será uma consequência natural. Ora, o Devir Social considera que o problema do comunismo é um sistema de valoração pobre, que leva à uma cultura de estabilidade. Por um lado isto pode ser positivo, no entanto, quando adicionamos as variantes de uma realidade dinâmica, encontramos uma série de problemas, quanto nas relações internas quanto externas, e que no final, devido ao terceiro valor, estes problemas são resolvidos através da violência. É possível supor que parte de seus valores são verdadeiros, mas ainda incompletos. É claro que sistemas mais sofisticados possam ser desenvolvidos com novos valores, e o Devir Social busca isso através do aprimoramento dos métodos democráticos.

Texto sobre o capitalismo:
http://devirsocial.blogspot.com.br/2017/12/um-olhar-do-devir-social-sobre-o.html

Link no facebook:
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Um olhar do Devir Social sobre o Capitalismo

Introdução:
Há pessoas que pensam que o capitalismo se refere a liberdade individual das pessoas fazerem seus negócios e viver sem que outras pessoas a regulem. Porém, para o Devir Social, o capitalismo não tem haver com isto, sendo uma coisa muito mais profunda que as liberdades individuais que todo indivíduo tem direito. Este texto foi escrito para elaborar melhor esta ideia. No entanto, para falar sobre o capitalismo, é preciso falar um pouco sobre os valores psicológicos dos indivíduos que fazem parte do desenvolvimento do capital. Portanto, iniciaremos com uma sessão chamada “Valores”. Depois disso expandiremos para a implementação, manutenção e expansão do capitalismo e seus efeitos sobre os estados.

Valores:
Cada ação individual colabora ou não para a concentração de capital. Portanto, falar de capitalismo sem falar dos valores que compõe uma sociedade seria uma explicação incompleta. Afinal, sem os valores adequados, o capital simplesmente não seria capaz de se concentrar. Obviamente, estes valores são a forma como a média das pessoas se comportam, há aquelas que saem desta média de comportamento.

O primeiro valor do capitalismo é a noção do próprio desenvolvimento, que é o pensamento de que a melhor coisa que cada pessoa pode fazer para o mundo é desenvolver a si própria. A segunda noção do capitalismo é a da vida justificada pelo prazer imediato. Afinal, o capitalismo não dá nenhuma garantia de futuro por si só, então é bom que se aproveite tudo o que o capital pode oferecer agora. Como consequência destes dois valores, gera-se uma noção de que tudo pode ser comprado, e isto impede a geração de qualquer vínculo social mais forte que o próprio capital. O terceiro valor é o do uso da violência para proteger o capital. Este terceiro valor será necessário para entender o que mantém o capitalismo concentrado.

Implementação:
Imaginemos uma massa de pessoas em que nelas está instalado os três valores anteriormente citados. Para a implementação do capitalismo, cada pessoa irá buscar desenvolver a si própria para que possa desenvolver capital e ter acesso ao prazer. No entanto, logo será percebido que o desenvolvimento em grupo será mais eficiente que o desenvolvimento individual. Pouco a pouco, percebemos grandes grupos de capital surgindo que controlam o modo como o ser humano tem acesso ao prazer. O que o capitalismo fez afinal? Captou toda forma de recursos e acumulou em um só lugar, que é o capital. A partir disto é possível enxergar a sociedade em dois grandes grupos de pessoas: aquelas que possuem o capital e aquelas que não possuem.

As que possuem capital são aquelas que conseguiram desenvolver alguma habilidade para manter o capital consigo, por isto estão numa posição de privilégio. As pessoas que não possuem capital, por sua vez, são as pessoas que não conseguiram desenvolver habilidade para manter o capital consigo, e por isso vendem sua força de trabalho para ter acesso aos recursos de geração de prazer. Por um bom tempo o capitalismo fará isto: captará tudo o que houver na sociedade e concentrará em si, para que fique cada vez mais forte. Esta é a fase da manutenção.

Manutenção:
Com o tempo, as pessoas que não tem acesso ao capital irão buscar se desenvolver de outras formas além do capital. Estas formas são vistas como ilegais e frequentemente serão nocivas a própria sociedade. Elas recorrem a isto porque, afinal, elas tem dentro de si o valor do autodesenvolvimento por um lado, mas não tem recursos para se desenvolver por outro. A solução é partir para a violência como forma de desenvolver-se. Em reação a isso, o capitalismo desenvolve um modelo de contenção de violência, que são as polícias e o governo.

Assim é visto o governo para o capitalismo: apenas uma forma de estabilizar a sociedade e impedir que a violência se organize de modo a desestabilizar a geração de lucro para o capital. O governo se torna uma terceira classe de pessoas, que são aquelas que negociam entre os que detém o capital e as forças que se formam através do descontentamento social, seja estas forças criminosas ou não. Se as forças são criminosas, é fácil para o capitalismo lidar com elas. Afinal, o crime em si é uma força socialmente insustentável, não precisando, portanto, de nenhuma manobra específica para livrar-se dele além de sua desestruturação.

No entanto, o capital precisa utilizar algumas técnicas especificas para lidar com as organizações sociais que não são criminosas. Uma delas é a cooptação da liderança, isto é possível quanto o próprio grupo em si é unido pelos valores do capital, e sendo o capital tão grande, é mais fácil comprar o líder e deixar o resto do grupo sem ação do que lidar com o grupo inteiro. No entanto, se o grupo não tem em si os valores do capitalismo, esta técnica é inviabilizada, e o capitalismo precisa lançar mão do seu terceiro valor, que é o uso da violência, seja ele físico ou moral, em relação à aquele grupo, para assim inviabilizar sua continuidade e o capital continuar protegido.

Expansão:
O cenário de manutenção foi alcançado. Um grupo fixo que possui o capital, que é transmitido através da hereditariedade, outro grupo que precisa lutar para manter-se no poder através da contenção dos descontentes, e os que não possuem capital e vivendo uma vida que com uma grande chance os leva para a busca de outras formas de desenvolvimento que não os saudáveis. Ora, muitos que defendem a continuação do capitalismo ou defendem que não pode ser desse jeito, ou defende que esta é a melhor maneira, pois com o tempo a riqueza será tanta que alcançará inclusive os descontentes. Isto seria verdade se não fosse a necessidade da expansão do capitalismo.

Percebam: para quem tem tudo, o prazer se torna o próprio desenvolvimento. Quantos milionários não utilizam o dinheiro apenas como uma pontuação, como algo que traz status perante aos seus pares? Isto implica que, aquele que tem capital, desejará ter mais capital para continuar seu próprio desenvolvimento. Para isto, ele irá mirar em outras populações, para lá instalar o capital e controlar lá também. Obviamente, aquela próxima população poderá ter seu próprio sistema de capital estabelecido ou haverá outros capitais interessados em expandir-se para aquele local, e isto irá gerar um processo de competição.

Será exatamente este processo de competição que impedirá a riqueza possa escoar para a base do capital, para que ela consiga ter mais condições de se desenvolver. Afinal, a competição é uma coisa que retorna resultados a curto prazo, enquanto que o desenvolvimento humano retorna resultados a longo prazo. Portanto, para vencer uma competição, o capital precisará garantir que tudo aconteça de maneira eficiente, mesmo que implique em sofrimento para a sua base, para assim atingir seus objetivos. Em última instância, podemos recorrer a um ditado que se aplica bem à natureza selvagem da competição: aquilo que não cresce, morre. Para o capital, crescer é uma condição de vida.

Isto claramente implica no empobrecimento de um país. Afinal, enquanto os grandes capitalistas do país estão buscando ao máximo tornar sua população mais eficiente, muitas vezes aumentando a jornada de trabalho delas e sem recompensá-las adequadamente para ter uma maior quantidade de capital em si, a população fica estressada e sem condições de se desenvolver de outras formas, além da violência. Sem este desenvolvimento populacional, esta população fica resuma a técnicas que geram prazer a curto prazo, mas que são nocivas a saúde, a cultura do consumo retrata bem pelos “fast-foods”.

Considerações finais:
Através deste texto vemos que o capitalismo é uma consequência direta dos três valores citados anteriormente. Isto significa que enquanto uma população viver sobre estes valores, o capitalismo será uma consequência natural. Ora, o Devir Social considera que o problema do capitalismo é um sistema de valoração pobre, como consequência uma cultura de consumo por um lado, de violência por outro. Obviamente, parte de seus valores são verdadeiros, mas ainda incompletos. É claro que sistemas mais sofisticados possam ser desenvolvidos com novos valores, e o Devir Social busca isto através do aprimoramento dos métodos democráticos. No entanto, uma vez alcançados, isto não mais será capitalismo.

PS: quando foi escrito o texto “um olhar do Devir Social sobre o comunismo”, falou-se rapidamente sobre a tendência espiritual no comunismo, algo que não foi feito aqui. Portanto, será bom incluí-lo, e isto será feito agora.

Há uma frase muito famosa que diz “A religião é o ópio do povo”, e isto é geralmente verdadeiro no capitalismo. No entanto, isto acontece devido a própria mecânica descrito durante o texto, afinal, grande parte da população está preocupada demais com a própria sobrevivência de modo que não consegue estabilidade necessária para buscar verdadeiramente a Deus. Isto a torna suscetível à visões espirituais que apelem aos sentidos e ao natural. Percebendo isto, muitos líderes religiosos transformam seus ministérios em estruturas que apelam à valores que vão muitas vezes contra o que sua própria religião diz, mas visando a maior retenção do público.

A religião, neste ponto, ao invés de dar a oportunidade para o autoconhecimento e ao conhecimento dos valores divinos, afasta-se destes valores, convencendo à aqueles que a seguem que eles já estão conectados ao divino. O povo, neste momento, se entretém com os métodos naturais desenvolvidos pelos líderes religiosos enquanto perdem aquilo que verdadeiramente deveria nascer neles através do contato com o divino. No entanto, é preciso deixar claro que isto não algo determinístico, de modo a espiritualidade pode surgir mesmo em ambientes hostis ao seu surgimento, seja no capitalismo ou no comunismo

Texto sobre o comunismo:
http://devirsocial.blogspot.com.br/2017/12/um-olhar-do-devir-social-sobre-o_14.html

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