domingo, 15 de maio de 2016

Reflexão sobre a confiança na democracia:

Democracia fundamenta-se no voto. Quando votamos em alguém, damos a elas o direito de fazer a mudança que desejamos que ela faça. Em troca deste direito, está nesta pessoa o dever de nos retribuir com informações sobre o andamento daquele procedimento, e nós temos acesso a essas informações através da cobrança.

Mas o Devir Social acredita que é possível definir uma diferença crucial entre cobrar e fiscalizar, e desta definição nasce a reflexão que desejamos que todos façam:

Cobrar se refere ao ato perguntar a alguém se ela está fazendo o trabalho para o qual ela foi designada a fazer. É uma relação pessoal, baseada na confiança, pois geralmente quando cobramos a alguém, não pedimos provas do que ela está fazendo, apenas acreditamos na palavra dela. Numa visão específica sobre as designações políticas, cobranças se referem também apenas a feitura das decisões, e não ao trabalho burocrático. Uma pessoa que não atende as suas cobranças pode, no máximo, perder votos para o próximo mandato.

Fiscalizar, por sua parte, refere-se a ir diretamente na fonte da informação que confirma ou não se determinada pessoa está ou não fazendo o trabalho ao qual ela foi designada. É, portanto, algo impessoal, baseada na desconfiança, já que o ato da fiscalização presume que a pessoa está deliberadamente burlando seu trabalho burocrático. Não está, contudo, ligado ao que a pessoa se compromete a fazer em suas decisões, mas sim ao seu dia-a-dia, sendo desta forma complementar à cobrança, porém quase nunca comentada em nossa democracia.

Assim definido, podemos pensar sobre o significado do voto em relação a fiscalização e a cobrança.

É esperada durante o mandato de um político a cobrança, pois é pressuposto o interesse de que as decisões para qual o voto foi depositado sejam tomadas. Contudo, a fiscalização não é esperada, já que se estamos confiando que se aquela pessoa irá tomar as decisões que queremos, implicitamente assumimos a confiança de que ela fará os trabalhos burocráticos aos quais ela é designada. Portanto, quando fiscalizamos, este ato pode até mesmo ser interpretado como algo ofensivo, já que estamos arcando com a possibilidade de prejudicar aquela pessoa caso algo seja encontrado durante este processo.

Desta forma, o Devir Social levanta o questionamento sobre se existe ou não uma contradição entre a confiança do voto e a desconfiança da fiscalização, e se essa diferença pode explicar, pelo menos em parte, o desinteresse da nossa população em relação a esta ultima atividade. Afinal, fiscalizar diretamente a quem votamos é ou não um ato ofensivo ou deveria ser um ato corriqueiro e com dispositivos para a recuperação daquele que erra? Afinal, o Devir deseja lembrar que a política é feita por humanos, e não há humanos que não aprenda sem errar.

Seja uma conclusão ou outra, o Devir entende que a fiscalização é a única forma da nossa sociedade dar um passo a frente no seu processo de desenvolvimento, já que a corrupção que assola nosso país está tornando impraticável o desejo de melhorar de vida da maioria da população.

Nenhum comentário:

Postar um comentário